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Professor Aparecido

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                              Velha

Era uma velha muito velha que vivia numa casa
velhíssima. E dentro da casa só havia trapos, móveis
partidos e louça rachada. Oriana espreitou pela janela que não tinha vidro. A velha estava a arrumar a casa
e enquanto trabalhava falava sozinha, dizendo:
– Que negra vida, que negra vida! Estou tão velha como o tempo e ainda preciso de trabalhar.                                                 E não tenho nem filho nem filha que me ajude. Se não fossem as fadas que seria de mim?                                                  «Quando eu era pequena brincava na floresta e os animais, as folhas e
as flores brincavam comigo. A minha mãe penteava os meus cabelos e punha uma fita a dançar no meu vestido. Agora, se não fossem as fadas, que seria de mim?
Quando eu era nova ria o dia todo.
     Nos bailes dançava sempre sem parar. Tinha muito mais do que cem amigos. Agora sou velha, não tenho ninguém. Se não fossem as fadas que seria de mim?
   Quando eu era nova tinha namorados que me diziam que eu era linda e me atiravam cravos quando eu passava. Agora os garotos correm atrás de mim, chamam-me ‘velha’, ‘velha’ e atiram-me pedras. Se não fossem as fadas que seria de mim?
   Quando eu era nova tinha um palácio, vestidos de seda, aios e lacaios. Agora estou velha e não tenho nada. Se não fossem as fadas que seria de mim?»
 Oriana ouvia esta lamentação todas as manhãs e todas as manhãs ficava triste, cheia de pena da velha, tão curvada, tão enrugada e tão sozinha, que passava os dias inteiros a resmungar e a suspirar.
As fadas só se mostram às crianças, aos animais, às árvores e às flores. Por isso a velha nunca via Oriana; mas, embora não a visse, sabia que ela estava ali, pronta a ajudá-la.
Depois de ter varrido a casa, a velha acendeu o lume e pôs a água a ferver. Abriu a lata do café e disse:
– Não tenho café.
Oriana tocou com a sua varinha de condão na lata e a lata encheu-se de café.
A velha fez o café e depois pegou na caneca de leite e disse:
– Não tenho leite.
Oriana tocou com a sua varinha de condão na caneca e a caneca encheu-se de leite.
A velha pegou no açucareiro e disse:
– Não tenho açúcar.
Oriana tocou com a varinha de condão no açucareiro e o açucareiro encheu-se de açúcar.
A velha abriu a gaveta do pão e disse:
– Não tenho pão.
Oriana tocou com a varinha de condão na gaveta e dentro da gaveta apareceu um pão com manteiga.
A velha pegou no pão e disse:
– Se não fossem as fadas que seria de mim
E Oriana, ouvindo-a, sorriu Sophia de Mello Breyner Andresen,
A Fada Oriana, Porto, Ed. Figueirinhas, 200




Interpretação do texto






1. O que quer dizer a frase do texto «Era uma velha muito velha que vivia numa casa velhíssima.»?


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2. O que havia dentro da casa?


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3. Assinale com X a frase que completa a afirmação que se segue, de acordo com o texto. Quando Oriana espreitou pela janela, a velha estava a:






( ) dormir a sesta.


( ) coçar a cabeça.


( ) cuidar da casa.


( ) fazer o almoço.






4. Assinale com X a afirmação que completa a frase que se segue, de acordo com o texto . Enquanto tratava da casa, a velha






( ) discutia com a vizinha.


( ) pensava nos familiares.


( ) lamentava a sua sorte.


( ) chamava nomes às bruxas.






5. Transcreva do texto a palavra que melhor completa a frase que se segue,
respeitando o sentido do texto.






A vida da velha era _________________.






6. A velha recordava ainda que alguém lhe atirava cravos. Quem o fazia?


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7. O que sentia Oriana quando ouvia as lamentações da velha?


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8. Sabemos que esta velha era mesmo muito velha. Procure no texto duas outras palavras relacionadas com o seu aspecto físico.


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9. Ordene as frases que se seguem, de acordo com a sequência das ações na história, numerando-as de 1 a 7.






A velha


( ) fez o café.


( ) abriu a gaveta do pão.


( ) acendeu o lume.


( ) varreu a casa.


( ) pegou na caneca de leite.


( ) pôs água a ferver.


( ) pegou no açucareiro.






10. O que fez Oriana para ajudar a velha quando ela disse que não tinha café?


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11. Transcreva do texto uma frase que mostre que a velha não via Oriana, mas sabia que ela existia e que a ajudava.

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12. Escreva no seu caderno uma história em que uma bruxa feia e má se divertiu a arreliar os habitantes da floresta.


– Conta as maldades que fez às pessoas e aos animais e as confusões que provocou.


– Dê um final feliz à tua história.


– Dê-lhe um título.